O general me tirou da artilharia que pesava
sobre os meus ombros, mas me colocou telegrafando notas sociais de soldados
rasos. Hoje, depois da dura batalha ele sorri de novo, mas agora sob um tenso
ranger de dentes - tantas estrelas não podem tirar das costas as
execuções
de caladas de noite. De sua poltrona almofadada, vestindo sua farda reciclada,
levanta velhas armas como se pudesse usar.
Telegrafando não desaprendi a atirar - e
não há melhor soldado telegrafista de notas sociais. Eu seria o general de
descascar batatas, tivesse me enviado ao porão do quartel sob o incêndio
implacável do tempo. E sob a dura acusação de sentinela desesperada,
telegrafista de plantão, até apaguei algumas chamas que comiam o campo pelas
beiradas.
O melhor é me matar de vez do que aos
poucos - nem batatas nem notas, verdes, marrons ou
sociais, vão conseguir.
Sou soldado profissional telegrafista, sempre fiel à bandeira que sirvo. E
ainda sei atirar muito bem.
CRiga
(outubro de 2008...)
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