terça-feira, 25 de outubro de 2016

Coisas de Isidoro


No leito frio da companheira de uma vida
havia um cadeado velho enferrujado
por baixo do vestido novo e mofado,
guardado na goma
pra uma ocasião muito especial.

Havia também um par de chaves nunca usado
num velho chaveiro de campanha eleitoral.
E um bilhete lembrete rabiscado amarelado
escrito bem assim:

“quando quiseres prender-te a mim novamente,
não te esqueças de chamares bem alto meu nome,
mas muito, muito solenemente,
pela nossa velha casa de perdoar pecados
e de reformar o que restou de saudades”.


CRiga.


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