“Resolve-se tudo com um clique,
enquanto os excluídos resolvem com um gatilho. Quem terá mais força?”
Este ano
cresceu a produção de homens nus (os chamados humanóides série prata), sem sexo,
no entanto – precisam ser iguais, e no lugar do órgão sexual uma linha
vermelha, vertical, que vem de baixo, atravessa o peito até chegar à testa
reta, no número de fábrica.
Agora não
há guerra, portanto é necessário inventar mais uma, sob o risco de o mercado
entrar em colapso. A bolsa de chips não pode cair, a paz é muito cara, vamos
produzir mais homens nus. Enfileirados na fábrica, suspensos por cabos de aço
sobre uma mesa de produção toda computadorizada, enormes braços mecânicos viram
o reviram a massa de lata até surgir a forma: humanóides, série prata,
prontinhos, novinhos, malvados, produto rentável. Aperta-se outra tecla, já
estão a caminho da terra que um dia foi habitada, na sua maioria, por humanos –
o restante deles é a ameaça.
Um dos inimigos
presos, barba branca até a barriga, insano, lá de sua gaiola nos subterrâneos, lembrou
de alguma coisa e gritou das grades, certa vez: “O surfista prateado era herói!
O surfista prateado era herói! Era herói...”
Chefes
robôs intelectuais não entenderam, não havia registro nos computadores.
E grita o
robô no telão da fábrica: “Viva a sociedade cibernética!”.
CRiga.
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