sexta-feira, 13 de maio de 2016

Os Surfistas Prateados

“Resolve-se tudo com um clique, enquanto os excluídos resolvem com um gatilho. Quem terá mais força?”

Este ano cresceu a produção de homens nus (os chamados humanóides série prata), sem sexo, no entanto – precisam ser iguais, e no lugar do órgão sexual uma linha vermelha, vertical, que vem de baixo, atravessa o peito até chegar à testa reta, no número de fábrica.

Agora não há guerra, portanto é necessário inventar mais uma, sob o risco de o mercado entrar em colapso. A bolsa de chips não pode cair, a paz é muito cara, vamos produzir mais homens nus. Enfileirados na fábrica, suspensos por cabos de aço sobre uma mesa de produção toda computadorizada, enormes braços mecânicos viram o reviram a massa de lata até surgir a forma: humanóides, série prata, prontinhos, novinhos, malvados, produto rentável. Aperta-se outra tecla, já estão a caminho da terra que um dia foi habitada, na sua maioria, por humanos – o restante deles é a ameaça.

Um dos inimigos presos, barba branca até a barriga, insano, lá de sua gaiola nos subterrâneos, lembrou de alguma coisa e gritou das grades, certa vez: “O surfista prateado era herói! O surfista prateado era herói! Era herói...”

Chefes robôs intelectuais não entenderam, não havia registro nos computadores.

E grita o robô no telão da fábrica: “Viva a sociedade cibernética!”.

CRiga.

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