sexta-feira, 20 de maio de 2016

As raridades que não servem mais


Não maldiga a igualdade das coisas
que você acha todas iguais.

A diferença está no simples detalhe:
despir-se da pele do cordeiro da moda
e vestir-se do velho manto que divide
o calor pra dois corpos,

seja na fedida cama dos bordéis,
na doce pornografia dos motéis,
seja debaixo do singelo cobertor
dos pais que não estão em casa.

Um dia todos se descobrem!

Por isso quero cometer o crime
de acreditar de novo nos teus olhos,
aqueles mesmos que não vejo mais refletidos
naquele menino que te procurava silencioso,
naquelas esquinas nos bares
nos luares das ilhas que afundaram.

Quero recriar casas lares pares imperfeitos
enfeitando a praça da hipócrita vanguarda:

mais vale ter amor seguro,
uma mesa pra dividir o vinho
e um trocado pra ganhar o pão.

CRiga.



Nenhum comentário:

Postar um comentário