As
mazelas esperneiam
e
o esperma corre as pernas.
É
quando o triste fecundador
desiste
do mundo mundano –
um
bebê morre anjo
feliz
angelical.
As
janelas estão fechadas
e
os beirais têm rosas secas.
A
cidade está de olhos cerrados,
fingindo
um sono, talvez embriaguez,
para
aliviar a dor.
A
luz da tevê ilumina um barraco,
e
o cheiro do jantar se mistura
ao
pó da casa fechada
em
pleno verão.
Os
gritos daquelas crianças
estilhaçando
as alegrias de infância,
hoje
fazem parte da canção de ontem
no
vinil velho comido pelo tempo.
O
batom que era da camisa de seda
virou
sangue de execução na mesma esquina,
onde
cantava a boemia
uma
vida mais bonita.
Aquela
seresta virou faroeste,
e
o oeste virou medo no pôr-do-sol –
é
quando morre na esquina
mais
um inocente trabalhador.
Não
há caminho de volta ao lar –
há
via crucis no chão de terra batida
onde
Cristo podia bem ter caminhado,
não
fosse a cruz virar arma branca
pra
dar na cabeça de bandido
e
de penhora à polícia.
Não
há caminho aos novos fecundadores –
o
espermatozóide tem medo da missão
e
canta assoviando uma musiquinha
sucesso
de antigamente,
pra
disfarçar sua tristeza
de
ter que dizer não.
CRiga.
(foto de Antonio Lacerda)
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