segunda-feira, 22 de julho de 2019

Barba disfarçada


Saberia me contar, me conter?
Quanto tempo dura a juventude?
Quantos rostos se formam severos
nos tijolos incompletos de nossa obra
nos cobrando dívidas
e atenção?

Eu apenas tenho roupas de guerra
guardadas gomadas num guarda-roupa.
Mas a guerra acabou, a paz é cara,
minha cara agora tem de novidade
apenas uma barba grisalha.
Foi-se o bamba na passeata,
a camisinha estourada.

Verdade que o buraco é fundo?
Último domingo não parecia ser.
Verdade que se acaba o mundo?
O fogão de barro se nega esfriar-se.

Meu desejo é confessar-me temente
à simples natureza das coisas –
ao pé da futura jabuticabeira
descobrir-me então maduro.

À beira de perceber na sombra
da linda segunda-feira
que eu sempre fui feliz.

CRiga.


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