segunda-feira, 22 de abril de 2019

Melancolia em quatro estações


Folhas caem corações partidos
no asfalto muito caro da cidade feia.
Houve outonos em que os poetas fugiram
poetar nas mesas de outros bares.

Há um cravo amassado no bolso do casaco.
Barba a fazer, inverno no passeio público.
Um olhar entre procurar rostos conhecidos
e amores imperfeitos.

A moça que colhia flores na praça
não acha mais graça na primavera.
Ontem ela chorou uma lágrima quase seca
saudades do primeiro namorado.

No último dia do verão, dizia uma canção,
“nunca me senti com tanto frio”.
Não houve nem amor pra subir a serra,
pombos decoram o mar impróprio para o banho.

Quem sabe os céus do outono.
Quem sabe o cobertor do inverno.
Quem sabe a leve chuva da primavera.
Quem sabe a breve folga no verão.

Haverá um dia
em que a melancolia
não falará mais tão alto assim.

CRiga.


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