terça-feira, 16 de abril de 2019

Sem rei mago nem madrinha fada


Não tem me cobre no frio da noite.
Nem levar o copo d'água na cama
tou com sede.

Não tem bala nem maçã da feira.
Tem gibi da Mônica de vez em quando.
Leite em pó contado, duas vezes por dia,
e tarde da noite esperando num ponto
um ônibus e a ela chegar.

Tem visita a cada 15 dias,
brincar de cartas eu me lembro.
Pai com fome, filho tinha de se virar
achocolatado frio empolotado e pão de ontem.

Tem é muita briga de pai e mãe.
No banheiro trancado, ecos estranhos.
No quarto fotos queimadas num canto.
Na sala os socos que ela dava no sofá
depois do bater da porta e ir embora.

Mais tarde, acusações lidas à beira da cama.
Olha a carta que escreveu!
Falou de compadres e comadres.
O garoto não merecia ouvir as dores da mãe.

Madrinha fada e rei mago
podem alegar que não faltou nada
no mundo em que precisaram
matar as fantasias.

Só faltou me sentir mais quentinho
copo d’água na cama tarde da noite
menos bronca do rei mago
e mais luz da varinha, madrinha fada.

CRiga.


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