sexta-feira, 5 de abril de 2019

Dívida moral


Eu tenho palavras para vender.
Palavras de sabores artificiais.
Saquinhos de Tang na dispensa da cachola.

Às vezes um trago da cerveja artesanal.
O que trago são letras num escudo medieval.
É que nada muda tão facilmente no Brasil.

Ganho a vida no mercado marcado das palavras.
Palavras não para vencer dissabores.
Apenas para não perder terreno.

Às vezes um afago da certeza banal.
O que pago não são meus dividendos.
O que recebo não paga minhas dívidas.

Nem palavras lindas e certeiras
muito bem redigidas num discurso
desnudam as verdades do Brasil.

CRiga.


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