Naquele
fim de mundo
eu
só ouvia a tua voz me chamando
comparando
cores
frutas
texturas.
Era
como a pera da Cidade dos Anjos,
feito
o morango de Caio Fernando Abreu.
No
limiar entre a tristeza profunda
e
um piscar de luz no fim do túnel,
você
estava lá me indicando um caminho
que
nunca ia mesmo dar em nada.
Mas
fui te pedindo desculpas,
eu
era aquele garoto bobo
confrontado
no corredor da escola.
O
amor era o mais puro que podia ser,
e
eu simplesmente disse não
desviando
o olhar
culpando
amigos por uma pilhéria juvenil.
Eu era o
pré-universitário que sabia
que me
arrependeria
de não ter
agarrado a tua cintura
e de não me
afogar de amor
no eterno
verde dos teus olhos.
Cantamos
juntos até a bebida cair.
Viajamos de
volta e na volta me perdi.
Dançamos a
soul music, corpos quentes,
mas não
desabotoei a tua camisa rosa
num sábado de
um apartamento nos Jardins.
Dormimos
juntos e você nua
saíste tão
pura como a flor.
Roubaste meu
beijo numa esquina
e devolvi meu
calor pós-carnaval
num barzinho
esquecido de Pinheiros.
Redescobri o
Brasil pelos teus olhos azuis
mesmo sabendo
que havia
um oceano
entre nós.
Aquele fim de
mundo ensaiava
romances
no asfalto
que ruía
no mar que me
engolia.
Enganei a
morte nos atalhos,
a sorte
sempre quis me dar
um novo
grande amor para contar.
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