quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Aparelho portátil (elegia ao excesso)


Então vamos conversar.

Escuta aqui um negócio.

O sucesso dá muito trabalho.

E eu trabalho.

Eu gosto do meu trabalho.

Eu tenho um sistema de guardar emoções!

Um filme de ação
em que o cara não pode se mover.

Eu tenho medo é de olhar para o relógio!

Eu quero estar acordado
quando o trem voador passar.

Minha licença poética
é morrer em mim.

Não te disseram que o rádio
ainda é o teu melhor amigo?

Você é aquilo
que você clica.

As ideias não são minhas,
a poesia talvez sim.

Eu tenho um segredo
que está na agulha da tecla play.

A liberdade de escolher o click
pra ir dormir.

Eu já tive medo de olhar pro relógio
até o dia em que morri!

Esperando sozinho na esquina
a relojoaria abrir na pandemia.

Bom conservar o medo
de olhar para o relógio.

Conservar-se
pra ficar bonito com a roupa da vitrine
ou caber bem no terno de madeira.

CRiga.

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