sexta-feira, 17 de abril de 2020

Office boy


Quando entrecortava as ruas do centro da cidade
caminhava correndo ganhando o tempo
que mal sabia se lhe devolvia vida.

A energia permitia os excessos da juventude
além de viver pendurado nas madrugadas
nos ônibus lotados.

Deixou passar tantas tantas paixões bonitas
porque tinha olhos de ainda menino
que ousava pedir olhares às meninas.

Desiludiu-se com a menina da turma da tarde
que inventou um pai brabo
pra justificar a paixão pelo menino mais bonito.

Mas teve de presente uma linda namoradinha
todo dia,
e tinha amigos e um walkman.
Tinha dúvidas de existência
que não necessitavam de psicogentes profissionais.

Comprava discos de rock and roll
e presentes pra irmã mais velha
que não sabia o que era trabalhar.

Algumas vezes perdeu pros ladrõezinhos.
Mas continuava nas ruas gastando o tênis
e tudo o que a idade lhe permitia.

Deu um Sonho de Valsa ao avô
na cadeira de rodas, tomando sopa,
numa noite de sexta cujo sábado foi de luto.

Mas foi, ganhou o mundo e até um carro
enquanto perdia um grande amor.

Bateu o carro na entrada daquela velha ponte
onde um dia com viu com a tia
um corpo retirado do rio
depois da violência da periferia.

Mais tarde encalhou o Kadett na enchente da rodovia
porque era cego de paixão.
O pai naquele Natal sabia
que nada era por mal.

Entre Anas e Marias mal resolvidas
foi bebendo uma cerveja e preenchendo seus cadernos.

Entre tantas possibilidades
foi parar na ilha.
Entrecortar caminhos entre um mar e um lar...

Quedê o garoto que pulava poças da chuva na rua?
Quedê os discos comprados vendidos
por causa da falsa sensação de vida moderna?

Que dê algo mais de positivo.
Que dê ainda sentido à correria agora calma
com a alma daquele menino.

CRiga.

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