Duro é quando a água para
de
bater na pedra,
e
você tem tempo de querer sentir
nos
olhos o sal.
O
mar secou, diria Drummond.
Eu
não sou duro, José.
Eu
sou a água
que
parou de bater na pedra.
Eu
sou também a pedra –
rala
lisa nua de cara exposta
ao
vento cortante que vem num assovio
do
leito deserto um dia mar.
De
repente a onda (eu espero)
vai
me levar.
Explodir
como nos pesadelos.
Daí
posso ver teu rosto refletido na lua vermelha
enquanto
submerjo levemente morto
no
mar do desengano.
Mar
tranquilo sem tempestades
tubarões
e godzillas.
A
tal da bonança.
Quando
tarde demais os escafandros descobrirão
uma
carta borrada no bolso do surrado jeans –
apenas
uma poesia pra você, nobre arqueologia!
O
dia em que eu finalmente decidi
te
procurar nos versos que não saíam.
Pois
duro era quando a pedra rolava o penhasco
e
você, na beira do precipício,
me
esperava encontro marcado.
Sempre
nos desencontramos...
Eu
não honrei canções...
Não
te esperei feito pedra postada à beira-mar.
Eu
me gastei. Virei cascalho. O vento me levou.
O
mar voltou a ser o mar.
E
você, aros pretos nos olhos cansados
da
lua vermelha,
resolveu
sangrar a lágrima
que
meus olhos não conseguiram chorar
àquelas
tardes.
E
era muito tarde.
As
letrinhas já subiam
dando
os créditos no final do drama.
Quem
ama em silêncio
encrudesce
a poesia...
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