Passei então
a ver-te todos os dias
em todos os
olhares, lugares
e pensamentos
indecentes,
depois que
acendeste em mim a juventude quase morta
num beijo
adolescente.
Vi você nova
colega de trabalho
uma amiga de
uma amiga
uma atendente
de papelaria
estudante de
psicologia
ninfa
sorrindo do canto da festa
mas este ano
não pulei o mesmo carnaval.
Vi minha
juventude dar lugar aos dias de semana
os dias que
você ama matar, sedenta,
andando muito
lenta pela praça sem graça
fingindo
procurar alguém firme pra ficar.
E eu morri de
velhice precoce,
de tosse e de
frio
em pleno
verão ardente.
Morri de tudo
o que você possa imaginar.
Só não morri
na hora de acordar de novo
ligar o carro
quebrado de pneu furado
acelerando,
insistindo não te matar
um pouquinho
que fosse,
até o apito
da fábrica de velhos
começar a me
chamar.
CRiga.
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