quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Proibido colher flores


Daqui só vejo o cinza de asfalto
Onde apenas pombos sujos
Decoram a melancolia.

As poucas árvores que há
São bonsais de estimação
Quase engolidas pela “paisagem” –
Palavra demais bonita
Não combina com a cidade.

Olhos vidrados no movimento dos carros
Pássaros maliciosos cortam a travessia
Mudos – ou o barulho suga seu palavrão
Contra o carro do ano
Em excesso de velocidade.

Procuro sobreviver nisso
Que se convencionou chamar-se de selva.
Preferiria procurar cipós pra doce amiga
Artista que molda apanhador de sonhos.

Procuro o sentido de Manoel de Barros
Mas aqui a simplicidade está apenas
Na placa que me proíbe
E não me explica
Por que não posso colher as flores
Do jardim da Prefeitura.

Para os amigos Andreia Medeiros e Danilo Amélio

CRiga.

(foto de Flávio Costa)

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