segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A chuva como um soco na cara



Queria agora que chovesse a chuva confortante
dos fortes que também choram.
Água pesada que faz barulho no asfalto ladrilho,
aquele cheiro fresco que se perdeu na juventude.

Água benta rebatizando o espírito cansado.
Chuva que encharca a camiseta e o casaco
eu e você
em diferentes estações.

Água que dilui lágrimas etílicas,
lágrimas que ardem no machucado.
Meu rosto tem coragem de encarar a tempestade,
a idade tem medo de se afogar num copo vazio.

Queria agora que chovesse a primeira chuva,
aquela água que purifica, perdoa e lava o sangue.

Essa tempestade de primavera 
só condena a gente à louca espera
de se alcançar em algum verão.   

CRiga.

(Primaveras se atracam
e a chuva vira lágrima:
pai e filho se machucam
e dispersam os verões)




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