segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Eu não estou aqui


Quero escrever cartas aos meus amigos. Não tenho medo de solidão. Armadilhas já desarmei, ensinei com o calo que às vezes é melhor se calar. Eu teria muito a fazer. A dizer. Quero escrever tantas cartas, meus amigos são espectros de luz que passam, raiam feitos sol, e acompanham o satélite cruzando a noite entre constelações docemente inventadas. Uma invenção sempre assim tão doce, uma cidade que tem forma de peixe, lá da estação dá pra ver o olho ginasial dessa menina linda. Não ter nada contra ninguém. Afundar meus mais nobres sentimentos na raiz da terra, abrigar ninhos de canarinhos que sempre terão medo, mas sabem que a casa é sua. Por que será que toda segunda-feira de sol é sempre assim?


CRiga.




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