sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Juventude morta


Enquanto aguardo teus seguintes passos nesta nossa conhecida multidão, vou me perdendo, imaginando, não tendo quem me dê a mão. De vez em quando cantando velhos temas inteligentes, vou tentando te seduzir – mas teus ouvidos se fazem pamonhas de Piracicaba, e tudo vira aquele trouxa discurso de mesa comunista que não comunga nunca com teu lindo cabelo falsamente ruivo.

Tento um texto de um livro de um clássico de um antigo, pra ver se as retinas brilham como num filme italiano cujo final não me lembro mais. E aí tão pura como a juventude esguia, você apenas desvia o olhar apreciando quem chega e quem sai, interessada nas novidades que não trago mais.

Tento resistente, no discreto desespero, a selvageria dos palavrões bem colocados num discurso, junto a um sarcástico sorriso que aprendi com falidos intelectuais. Mas teu smartphone fala mais alto vibrando, um Whatsapp de piada pronta, uma afronta à arte da conquista, uma farsa da modernidade, feito eu, feito nós.

O inalcançável é o agora, as noites de novo vão embora, e nada mais nos resta pra esperar – apenas um tchau, valeu, te envio o link da solidão dos modernos. E um certo nem me procure, véio, o céu tá lotado de estrelas, e daí?, por que a gente precisa se ver por aí?

CRiga.


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