Enquanto aguardo teus seguintes passos nesta nossa conhecida multidão,
vou me perdendo, imaginando, não tendo quem me dê a mão. De vez em quando
cantando velhos temas inteligentes, vou tentando te seduzir – mas teus ouvidos
se fazem pamonhas de Piracicaba, e tudo vira aquele trouxa discurso de mesa
comunista que não comunga nunca com teu lindo cabelo falsamente ruivo.
Tento um texto de um livro de um clássico de um antigo, pra ver se as
retinas brilham como num filme italiano cujo final não me lembro mais. E aí tão
pura como a juventude esguia, você apenas desvia o olhar apreciando quem chega
e quem sai, interessada nas novidades que não trago mais.
Tento resistente, no discreto desespero, a selvageria dos palavrões bem
colocados num discurso, junto a um sarcástico sorriso que aprendi com falidos
intelectuais. Mas teu smartphone fala mais alto vibrando, um Whatsapp de piada
pronta, uma afronta à arte da conquista, uma farsa da modernidade, feito eu,
feito nós.
O inalcançável é o agora, as noites de novo vão embora, e nada mais nos
resta pra esperar – apenas um tchau, valeu, te envio o link da solidão dos
modernos. E um certo nem me procure, véio, o céu tá lotado de estrelas, e daí?,
por que a gente precisa se ver por aí?
Êita seu minino.....Cabra bom, sô!
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