Somos
culpados por esse gosto de vinho seco
que
morre na boca sem o beijo.
A
sensação do fogo contido
do
erro, do engano fingido,
do
gaguejar, do quase chorar num corredor qualquer
da
vaga memória do coração partido.
Tua
foto de óculos pra disfarçar o passado
e
minha foto sem espírito, com sorriso universitário...
Cicatrizes
que teimam sangrar marcando passos.
Somos
condenados
por
esse morto enterrado em cova rasa,
sem
justiça, sem defesa.
Jaz
na terra um aro preto já quebrado.
Jaz
na lápide um sorriso triste desbotado.
Tempos
assim de triste outono,
da
terra fofa nascem as letras cinzas,
plásticas
flores que a gente sempre rega.
Então
ao pé da cova a gente para e reza
queimando
as testas nos tocos de vela.
O
sangue e o vinho se misturam na lama
depois
de a chuva densa encerrar a tarde.
É
a hora de apagar as letras e podar as flores,
apagar
as velas e podar as dores
fugir
às pressas e chorar baixinho.
Pois
somos apenas os culpados
por
esse gosto de passado insepulto
gosto
seco
feito
o beijo que a gente não deu...
CRiga.
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