quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Uma ilha


Hei de encarar a grande onda negra, desafio. Atravessada a impiedosa parede contra mim, haverá de certo a calmaria e as águas claras daquele mar pra navegar até a ilha, onde sei que um bom e velho espelho me espera. De lá vou plantar novamente minhas flores, cultivá-las de poesia, um Drummond sempre ajuda a germinar. Flores de presente ao ar, mensagens de garrafa encontrada, uma onda que traz o calor de um abraço amigo.

Haverá também de quando em vez uma nuvenzinha negra rondando os ares... mas contra as forças da natureza não há magia.

Mas da chuva não virão mais tempestades – apenas o necessário desaguar, um eterno e doce pedido de perdão. Não haverá mais ondas negras desafiando o sono – apenas uma brisa cálida e o restinho das gotículas do céu acariciando o rosto agora eternamente enrubecido de emoção.

E é a isso a que me agarrarei – ver o sol renascer, sem mistérios, sem acusações. Porque enquanto me derem a dádiva da sobrevivência, vou querer mais, vou insistir em viver, plantar, colher, presentear. Te amar, como sempre amei.

CRiga.



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