sábado, 28 de novembro de 2015

Dois acordes

Viestes assim com as prometidas asas
planando nos planos sem datas
na paz promessa
dois nomes
dois sexos
dois anjos.

Improviso feito a vida jazz,
fostes apenas um certo medo
na menstruação atrasada,
mas a gente tem medo de tudo
o que não conhece...

Acontece assim:
a gente sonha
a gente acorda
com o filho que chora
na madrugada
na hora de mamar,

e a gente dá de mamar
a gente se dá e se acostuma
e se dá conta
no meio da madrugada
que há um filho lindo
que chora no bercinho
que fica bem pertinho
só porque não sabe andar.

E quando ele ensaia a gente tem medo
de ele cair e se machucar,
e a gente dá a mão, chama e faz confiar
e ele vem sorridente aos nossos braços
até aprender a andar,
até aprender a trair.

Quando ele ganha asas desmedidas
é a gente que cambaleia com medo
querendo vigiar,
ainda há as quedas, ele vai se machucar,
mas ele não quer mais a mão, reclama e nos faz odiar
parte sorridente sarcástico dos nossos braços
até a gente aprender a aceitar.

E a gente aceita o novo improviso
a vida agora é um rock,
simples, dois acordes,
mas é que a gente amaldiçoa tudo
o que se nega a conhecer...

Acontece assim:
há um filho lindo
que nasce assustando
que dorme pacificando
que sorri descobrindo
que adoece preocupando
que engatinha no jardim,

e que logo, tão logo, caminha ao portão de casa
e vai embora na madrugada
bem na hora que a gente se dá conta
que quer contar mais uma história.

Partistes assim com tuas próprias asas
boiando passageiro em todas as casas
não faz promessa
tem vários nomes
e só pensa em sexo
inclusive o dos anjos.

E a resposta também não sei,
nunca soube
nunca saberei...

Mas à procura de respostas
sei que voltarás improviso jazz
enquanto com duas notas vou te receber -
és meu mestre do bebop
és meu astro rock n´roll.

CRiga.



Nenhum comentário:

Postar um comentário