Acreditam que a maquiagem
é mais pop que o Photoshop.
CRiga.
O cara começa
falando
se segura
malandro
pra fazer a
cabeça tem hora...
...no meio
aconselha
quem não tem
colírio
usa óculos
escuro...
...e termina se queimando
queimando
tudo até a última
ponta!
CRiga.
A primavera já chega.
Mas ela já foi embora.
Girassol.
Flor selvagem.
Lenda de adolescência.
Tudo vai
embora.
Tudo tem uma hora
até o verão chegar.
CRiga.
A brisa
sempre bate quando é setembro,
dizem por
aqui
que é até um
vento!
Um pouco de
brisa.
Um pouco de vento.
Estou dando
um tempo
plugado no
220
neste final de 2020.
Aqui meu
filho quis gritar
o escorpião
no box, preto, grande!
Parou:
eu gravava
mais um eletrochoque
ao meu chefe
da companhia elétrica.
O meu
escritório na cozinha-sala
agora tem cadeira
de escritório
e uma sala de
visita de cliente imaginário.
Besouros e
futuros vagalumes
me darão
ideias de presidente!
Borboletas,
passarinhos,
a árvore que
cresce!...
Me darão
ninho e uma semente
que só têm as
segundas
e boas intenções.
CRiga.
CRiga.
Observo e desejo,
No meio da
praça penitência
na silenciosa
romaria
à escadaria
da catedral,
não me bata a
carteira
não me roube
a certeza
que o meu
tempo já passou.
Na via crucis
ainda há uma oração
que precisa
seguir cega, sem rancor.
Tire sua
juventude do meu caminho
que eu quero
passar, muito devagar,
quero te
comer com os olhos
aqui do alto
do meu andor.
𝐂𝐑𝐢𝐠𝐚.
Eu sei que
não sou Carlos.
Não fumei teu
infinito
não aqueci
tantos invernos.
Não ouso
perguntar ao Chico.
A nota está
encaixada na Banda
e ela ainda
gosta de cachorro.
Impossível o
fôlego de Caetano.
Odara,
cortisona e coragem.
Impossível
pra ele só o eco do Pi.
Eu sei que
não sou Vinícius
e seus filhos
melhor não tê-los.
Não sou Pablo
nem Neruda.
Sou candidato
a poeta carteiro
que só entrega
boas notícias.
CRiga.
Porque o dia
em que eu enlouquecer
o vizinho me
verá te dedicando músicas
em meu imaginário
radio-programa.
Mão direita
em concha
no ouvido em
busca do teu eco
no solo daquela
canção.
No meu palco
não tem roadie
que possa me
guiar até você.
Nos rincões
de um coração amargurado
a antena
enferrujada
toca um rock
monostereo.
Monges
declamam pirilampos
e o ermitão da
contracapa
ilumina a
trilha de volta a você.
CRiga.
Então,
quem irá me
capturar?
Os cadernos
deixados sobre a mesa
ou a
gentileza
de me
fotografar?
Solidão é sólida
sólida como
pedra
pedra dura
que não quebra.
Na quebrada ele
é conhecido
como o cara
que fala sozinho.
Me deixa
sozinho então –
meus demônios
não têm medo
e os
fantasmas bebem comigo
cada um em
sua cadeira
cada um à sua maneira
cada um cantando sua canção.
CRiga.