quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O último outono (mudança)


Há um friozinho n’alma, sabe...
É quando a certeza machuca.
Quando o nunca fica velho
e a gente precisa se preparar.

Há um amor guardado no armário, abre a porta,
lágrimas correm cobrindo a madeira.
Precisamos arrumar as malas, tirar as roupas,
nos abraçamos nus na cama quente
assistindo à estação nos acabar.

Há uma dorzinha, sabe, uma vontade de ficar,
decorar a casa e a canção mais uma vez.
Fizemos do nosso gosto e batalha
um abrigo que hoje bate sol.

Damo-nos as mãos, giramos a chave na fechadura
pela última vez, saindo pra não voltar.
Não há manhã de sol que esquente a alma,
não há dívidas pagas que apaguem
as nossas marcas nas paredes vazias.

Então me dá uma boa notícia –
melhor é falar de uma nova esperança
que correr pra alcançar o amigo carteiro
e dizer adeus, esta carta já não é mais nossa...

CRiga.


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