Não me
agradam heróis engravatados
ou muito bem
barbeados, cara lisa
verniz dos
bancos da igreja polidos pro domingo.
Mas também me
chateiam as bandeiras coloridas
que se enfiam
até num filme de ação
querendo
mudar o sexo dos super-heróis.
Me enoja quem
me cobra lados
quem exige
assumir uma posição
entre o dedo
em riste
e a
provocação exagerada.
Entre as
flechas podres flechas
do caçador
guardião que acerta a esquerda
e do falso
índio que desfila nu para a direita.
Pender de
lado é morrer flechado
pregado na
árvore velha da praça.
Aquela grande
árvore da esquina
que desgarra
folhas demais
sujando as
calçadas dos senhores de bigode
à direita de
quem passa com pressa.
Aquela mesma
que se parece
um falo
enorme capado
culpado,
amordaçado, símbolo da opressão
à esquerda de
quem corre da patrulha.
Sente-se à única
sombra
e finja-se de
morto.
Risque seu
amor no tronco
e ajude
depois a limpar o gramado da praça –
haverá muito
trabalho, camará!
Bora reinventar
aquelas nossas
mais belas primaveras.
CRiga.
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