quinta-feira, 17 de maio de 2018

Deep sorrow



É um corvo velho, depenado,
no subterrâneo frio do centro da cidade.

Seu ópio é combinar cores na salada
nos dias de semana.
Suas mãos têm o odor do almoço pronto.

Seu hibernáculo captura novas melodias
pra ouvir-se profundamente
silenciosamente só.

Seu amor pra dar é um pedido eterno de perdão.
Seu sono agrada porque o transporta
a outro lar que não um pseudo escritório.

Seu amor precisa de amor, mas não quer.
Seu sono é longo e quase eterno
câmera lenta que perturba.
Um inferno com sofá pra cochilar.

Nunca vai pedir o desvio do teu olhar.
Cansou de ser cansado,
não quer direito de descansar.

Precisa não apagar sorrisos, talentos.
Os medos são contados nos dedos de uma mão.
Dedos finos, medos grandes –
no caminho que apontam
há sua cruz desacreditada.

Não tem direito de chorar,
mensagens prontas obrigam a agradecer.

É um fio do tapete farrapo à porta trincada
da casa condenada pelo tempo.

Santos andam sobre as águas,
heróis voam vigiando os bons.
E ele sabe muito bem que é.

Será que consegue afundar?
Será que consegue cair?

Não consegue. Nem chorar.

CRiga.



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