Ainda
contigo na memória do coração
reconheci
anjos no meu caminho peregrino
onde fugi,
assustado e inconseqüente
como
criança que tem medo de dizer
que se
apaixonou pela professora mais bonita
e sonhou um
beijo proibido
atrás do
muro da escola.
Numa manhã
um deles
sorriu pra mim como antigamente
me deu um
beijo quente na minha cama:
talvez
redenção
talvez tudo
o que você ainda não entenda
não por
culpa tua
não por
culpa de ninguém.
Prometeu
voltar num dia claro
na mesma
chuva confortante
de uma
primavera diferente.
Até lá vou
confiar na sorte como bom cego
confiar no
teu sorriso que me alivia o ego
confiar no
teu caminho
que ainda
não confia em mim.
Até lá vou
assassinar noites sem fim
procurando
acertar a rota,
que um anjo
de asa quebrada
me cantou,
com um sorriso de pena,
desviei por
livre arbítrio do coração.
Até lá vou
estar meio vivo, meio morto
torto
mensageiro das sujas esquinas
aborto das
emoções baratas
nas portas
dos bares, nos ares de inverno
nos portões
do inferno da grande cidade.
Até lá
terei o que me resta, pouco,
uma
fotografia desbotada
uma carta
já borrada
com
promessas de “para-sempre”.
Até lá,
sabe lá
Deus quando e onde!...
Até lá
poderemos ser os mesmos
ou mesmo
tão iguais
que não
valha a pena um dia novo
não valha a
cena de cinema
não valha o
beijo guardado
com sabor
de mofado morango.
Não quero
ser o mesmo...
quero não
mais errar na estrada
quero não
mais fugir de casa
nem me
calar frente aos acusadores.
Quero
roubar a rosa do jardim da escola
beijar sim
a professora mais bonita
e sair com
ela pelo portão da frente
desafiando
os olhos da multidão.
Quero uma
primavera sem tanta chuva
uma tarde
na praia nova do antigamente
e o mesmo
sorvete de morango
mas com
creme e um copo d’água.
Quero a
redenção dos anjos tortos
a rejeição
da moda, a hora de dormir,
quero amar
como sempre
e nunca
amei.
Quero que
você entenda
e não
apague a vela que acendi
ao lado de
teu leito eterno
que fundei
p’ra resistir no tempo.
E até você
voltar de branco
feito santo
desafiando a santidade
serei
cordeiro sem missão
pedreiro
sem próprio chão
ópio de
soldados mutilados
ronco do
trovão
chuva de
domingo
sono sem
sonhos
pesadelo
sem dormir
paz de
cemitério
etéreo
vampiro
o tiro no
mensageiro
o letreiro
de azul neon
da boate no
centro da cidade.
Quero que
você volte da fumaça calma
após o
incêndio do lar que não deu certo
quero estar
por perto
dar-te não
o vinho que guardei
mas o beijo
santificado do caminho
onde pequei
sem tempo
e te
esperei sentado
com um novo
verso –
um verso de
amor.
Muito bonito!
ResponderExcluirParabéns!!!
A eterna espera... Parabéns pelo belo poema!!!
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