Um caminhão passava lotado na rodovia.
E ele câmera lenta. Trôpego.
Observava, ouvia o ronco louco.
Um flash da vida inteira nos olhos sem cor.
Muito pouco a dizer.
Muita vontade de avançar a linha do acostamento.
Na pista tapete de rodovia interiorana,
pouco espaço caso o acaso causasse tropeços.
Não há acasos, caso você não saiba:
na casa do desespero dos fracos,
uma mulher fumava em paz o seu cigarro
entre os braços de um amante mais amoroso.
Era um caminhão lotado de pesadelos.
Os faróis de cor amarela,
para-choque sem dor,
um ronco feroz de animal justiceiro.
E o trôpego avançou a linha do acostamento.
Desde então, justiça ou loucura,
havia mais ternura no asfalto vermelho,
uma abreviação de sofrimentos:
uma mulher que agora amava sem culpa
nos braços do amante agora novo amor,
e um buchicho no boteco da vila
com a conta ainda aberta
de um cliente que nunca mais voltou.
CRiga.
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