O trem no subúrbio passa implacável
como um monstro de aço.
Estremece feito terremoto
as casinhas de papel.
Sacode os frágeis tapumes
em forma de abrigos
da favela fantasma.
Mas a arquitetura improvisada,
arte eternamente sem dinheiro,
não cai.
Imponente (do seu jeito) joga nas caras
a sofrida sobrevivência.
Porque a pobreza é assim:
enquanto não descarrila o trem
pra dentro da favela fantasma,
tudo é
cotidianamente
apenas transparente.
CRiga.
(Caderno Azul, 1997)
Nenhum comentário:
Postar um comentário