quarta-feira, 6 de junho de 2018

Dó, si



Eu não tive o brinquedo que pedi.
Mas vi meu Noel sem jeito
quando contava migalhas do seu bolso.
Ele era muito bravo,
um adulto de dar dó.

Eu comi o x-salada que queria,
ela sacou da condução a ficha no caixa.
No balcão da lanchonete a coca veio quente 
pela metade oferecida 
por um adulto amigo talvez com dó.

Eu vi meu vô pelado na sala.
Ele assoviava, nu com sua dor.
Criança, eu não sabia
o que era sentir dó nem sentir dor.

Eu com dó de mim, matreiro trapaceiro,
minha vó prometeu me defender:
bola de meia em cheio, vidraça quebrada!
Mas quando mamãe chegasse cansada
não brigaria comigo não.

Dó, ré, mi.
Faz um favor pra mim?
Canta um sol melódico 
lá naquele meu futuro melancólico?

Pode ser a partir de si. 
Seja lá o que for 
sem assim tanto dó de mim.

CRiga.



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