Estou mais
para um solo de guitarra,
sem palavras,
um rock batido.
Olhos
semicerrados, outra dimensão.
O buraco
negro tá sem cor.
Estou mais
para o tubinho vazio de creme dental.
Esconder
sorrisos, melhor repor a dispensa.
Uma saidinha bem
perto, ali na mercearia,
tem dia que é
melhor ir só até a esquina.
Mas quem dera o sol do bairro...
Quem dera o olhar da vizinha tão linda
cochichando
sobre o muro...
Quem dera o cochilo da paz na tarde,
faz tempo que
não chove confortos...
Estou mais
para um tolo, um touro velho.
Patético na
arena que não quer saber.
Suplico a
espada, o toureiro tem pena.
Uma criança
me acena sorrindo desesperanças.
Estou mais
para o papel em branco
amassado com
raiva, jogado no cesto.
Tem épocas em
que transbordam pensamentos.
Tem outras em
que não adianta mesmo trocar o lixo.
Estou mais
para apelar ao que conheço.
Eu me esqueço
de mim, faço a barba pra lembrar.
No espelho
jaz a cara de quem tá perdido.
Um cara que
tá pedindo pra dormir.
Estou mais
para dormir que nada ver acontecer.
Eu sou agora
o sono eterno de querer fugir.
Faz tempo que
não sonho.
Faz tempo que
não acordo.
Faz tempo que a alma fugiu de mim.
Ela hiberna
não sei onde, incomunicável.
Estou mais
para deixa-la dormitar quieta
que acorda-la
sem ter o que fazer.
Estou mais
para menos.
Mais para não
estar.
Faz de conta
que você não viu.
Faz de conta
que você não leu.
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