Algo me diz
que estamos vivos,
eu desaprendi
acreditar.
Há no ar o perfume
das futuras árvores,
há Brasis
melhores, aquela república federativa.
Algo insiste
bater a porta da alma fechada,
a casa resiste,
estará em eterna reforma?
A chuva desta
segunda é confortante,
de novo o som
dos pneus contra o asfalto
falam bem
alto, você sempre será um urbano.
É que eu amo,
mas não sei ao certo o quê.
Ilusões são a
busca pela fala do espírito,
ele muitas
vezes emudece, parece um espantalho,
padece até a
rima rimar com lugar comum.
Eu sou apenas
um, mas sou muitos também.
Sou homem,
sou mostro, sou monge ateu.
Sou meu, só
meu, quem é teu morreu nos teus braços,
o suicídio
perdura, eu tateio no escuro
procurando
achar de novo teu coração.
Aos dezoito
poderemos ser presos,
impossível
mais do que já estamos –
o marginal
sou eu, eu te roubei na esquina,
te matei com
um tiro pelas costas.
Nesta minha perpétua
prisão, a maioridade
é apenas uma
notícia que o jornal não deu.
Aos dezoito
eu já era impura lava de vulcão
adormecido,
olhos silenciosos, minotauro –
nunca quis
vencer o labirinto, eu sinto muito,
eu estou
perdido pedindo o perdão
que nem eu
mesmo posso me dar.
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