terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

De manhã, uma saudade



Se apega aos míseros vícios,
monstros. Falta missão,
falta amor, há muita culpa.

O hálito do anjo negro beija sua face,
feito brisa acalanto à madrugada fervente.
De tempos em tempos ele vem,
se mostra, lembra que amor ainda há
e pede calma ao claudicante.

Mas quando o sol começa a nascer,
ele dá adeus com o resto de luz do espírito.
E some, enquanto a procura louca
chora a lágrima da saudade imemorial.

“Adeus, meu amor, até mais, até o próximo vento de janelas abertas. Até o teto azul finalmente nos soltar, e cairmos ex-penduricalhos, mas de pé, sem mais necessidade de polimento e de desencontros. Apenas nós, um encontro marcado, sem segredos, e uma casa com penduricalhos de anjinhos à porta. E aquele doce barulhinho à leve brisa, na varanda, aos finais das tardes que finalmente serão nossas.” *

Não é fácil encarar a ausência do amor.
O fogo quase morto, o caminho torto.
A salvação é uma dúvida,
respostas nunca estarão nas igrejas.
Os erros perseguem.
Acertos são cicatrizes
que ainda farão sangrar...


CRiga.



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