segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Bússola doente


É uma página em branco
que me desafia.
Um dia, uma segunda-feira.

Ainda início de tudo
semana, ano, emprego.
Os planos para um futuro me assustam,
estou sem tato no escuro do branco.

Uma página em que letrinhas
pululam sem certeza.

Eu construo um por que insistir,
costuro no coro duro a nova tatuagem,
identidade que dorme numa cidade.

É uma página com cor,
apenas branca.
Ela me fita com pena
e me acena um tchauzinho juvenil.   

Corri costas e verões
o frio do sul, as certezas do amor.
Há um bobo velho que pensa em novos mapas
escondidos nas trincheiras do papel.
Um manual de instruções
após as letrinhas cansarem de correr.

Não há verdades depois do preto no branco
nem saídas de emergência. Não há rumo,
apenas um pouco mais de terra
pro buraco ficar menos fundo.

Era uma página em branco,
e eu ainda não sei
aonde pretendo ir.

CRiga.    


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