terça-feira, 13 de agosto de 2024

Quarenta

 


Agulha travada na sujeirinha do velho vinil.
Uma nota só no solo triste de uma guitarra
E num grito mixado de solidão.

Meio emeéle no vidro do perfume francês.
Um cheiro só na fragrância de perder os rumos
Insistindo em guardar lembranças.

Fotografia desbotada no bolso do surrado jeans.
Uma cor de pó gritando no assoalho comido
Um nome rangido, abafado.

Botão de rosa pendurado
No caule quebrado do abandono.
Plantas revirando em nó
No sedento jardim do quintal de pedra
Invadindo a casa um dia lar.

Morri, mas estou de sobrevida
Procurando tolos atalhos
Nas coisas que mofaram
Nos objetos sem objetivos.

Um dia desistiram de mim
Sem me avisar, não foi por mal.

Sexta-feira eu reprogramo
Meu próximo inferno astral.

CRiga.



 


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