Faca cega também não corta palavras.
Há agora apenas um papel amassado
Afixado na porta da geladeira
Com um imã daquele bem brega.
Alma que escorrega.
Hoje desperdicei o fio falando
Sobre o que não vai mudar a vida de ninguém.
Fim de dia e nem precisava nada assim
Tão profundo.
Bastava um mundo onde por um segundo
se pudesse sonhar ou rimar ricamente.
Não estou mais afiado. Pedra gasta.
Cerveja quente. Coca-Cola sem gás.
Vinil riscado fritando ovo insistindo gritar
Na vitrola mono de uma caixa só.
Um nó na garganta.
O pôr do sol não traz o sorriso de missão cumprida
Porque a louça grita silenciosa na pia.
Apenas o fim do dia.
CRiga.
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