O outono e sua faca cortante
De ódio contido.
Frio seco feito lâmina na cara que encara o caminho,
Um doce crime nos espera,
Licor de ácido na boca da noite.
Céu de estrelas atrás da fumaça,
A feia urbanidade vira poesia.
O dia uma boba fuga prum café subversivo,
Na esquina do beco.
Na esquina do beco.
E com a ex-secretária do velho partido
Tramar revoluções embaixo de cobertores.
O outono e sua face de sensações
Contra o sentido da areia da ampulheta.
Violeta murcha, rosa que não a vermelha.
Dor no peito que não o sangue
Da autoritária bala de borracha.
Da autoritária bala de borracha.
Estanque o desejo, guarde o frio seco
Quase sangrento no fio da faca.
O outono e seu eterno vinho pela metade
Escondido embaixo do casaco da cidade.
Já não somos mais tão jovens,
não temos mais conspirações.
O outono agora é só a impressão
Da tola importância que demos às boinas,
Cadernos nos bares
E poéticas revoluções.
O outono e sua faca cortante
De tantas desilusões.
CRiga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário