Enquanto a
chuva cai num chavão eterno
Minha rima no
inferno quer se afogar na certeza
De que o
excesso vale mais que o impresso velho
Colado no
poste mijado pelo vira-lata amigo.
O conhaque
sob o sobretudo denuncia –
São Paulo
ainda é a mesma amiga linda e traiçoeira.
Eu me
apaixono e alguém me derruba fácil na sarjeta
Só com um
desvio de olhar esguio.
Quando eu
morrer, Mário,
Quero sirenes
nas lojas de discos que não existem mais.
A inocência
daquela juventude de não ter como voltar pra casa
Na madrugada
depois da noitada embriagada de esperanças.
Eu acariciava
seu rosto com as costas das minhas mãos,
Havia
a poesia serena de um filme italiano.
No pulso fino
havia um reloginho que foi roubado,
No peito
lindo havia um segredo nunca desvendado.
E eu, garoto
dependurado nos ônibus das madrugadas frias,
Não me
importava com nada nada.
Atravessava
cidades no meio da semana que não me cansava
Só pra ver
você sorrir pra mim.
Hoje a chuva
cai distraída, provoca um ai.
Cada gota que
cai pesada
Parece uma
lágrima que um dia eu chorei.
CRiga.