quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Separação

 


São as pétalas que descolam
caem antes do tapete ao altar.
Ervas daninhas são o jardim,
antes cúmplice da cumplicidade.

O peixinho morreu, boia no aquário,
e até o gato chora a falta de fome.
O vizinho quer encher o saco,
quer botar o copo na parede...

Não há louça empilhada na pia,
par ou ímpar, não há mais refeições.
Não levaram as crianças pra escola
triste folga, vamos brincar lá fora.

O quarto escuro cheira a suor envelhecido
e o espelho do banheiro foi quebrado –
azar maior é visita sem aviso,
compromisso de diretoria.

Retratos que sorriem pares da memória
estão virados sobre o pó da estante.
Há um instante em que morrer é bom,
mas há também um som diferente
pra cada lágrima que cai.

Eu hoje esqueci você um pouco mais
que o quase nada de um ontem qualquer.

CRiga.



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