terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Dois sonhos (e um amigo)


Via que Soraia te ajudava a caminhar. Seminu, havia a anunciação de uma aposentadoria e também um sorriso de alegria, você voltaria a desenhar para os seus engenheiros!  Casa pequena, dorzinha melancólica, mas uma esperança linda de resgatar talentos no AutoCAD.

Depois te encontramos na praça, mão direita dada ao pequeno Yan e teus olhos grandes de uns óculos fundo de garrafa pós problema de saúde. E eu abracei, chorei na tua velha blusa de lã a felicidade de você ter se curado de não sei o quê!

Tantas coisas acontecem na nossa vida, assim, sem explicação. Assim como dois dias seguidos de sonhos com o mesmo amigo-irmão. E uma pontinha de culpa porque a distância é a gente que faz...

Acho na verdade que todos nós somos estagiários nessa vida. A gente começa estagiário, vira dono de um castelinho lindo de areia, volta pro bar do calçadão e se embriaga na cerveja fresca. Gasta todas as tintas em cadernos azuis e botamos herdeiros no mundo – daí uma bicicleta atropela a gente na ciclovia porque não lemos a placa estampada de simplicidade.

Há sete estrelas dissipadas no horizonte. Discretas, estrelam suas constelações. De vez em quando, uma candente vai parar no quintal dos sonhos da outra. E é aí que a gente acorda no meio da noite querendo dizer coisas que nem a gente sabe, porque a linguagem é cósmica demais para a vida pouca que vivemos até aqui.

Sejamos, então, eternos estagiários! Melhor aprender de novo o novo, porque de velhos bastam os conselhos que a gente insiste dar pros filhos, e pra gente mesmo no meio da madrugada insone.

Melhor mesmo é beber com amigos nas estrelas. É o jeito que a gente tem pra dizer que ama alguém!

Para o meu grande amigo Marcelo Gomes Cardoso Tchubi

CRiga.



3 comentários: