quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Culpa

Uma pressão na ponta da espinha,
dentro da nuca –
alguns chamam simplesmente “angústia”.

Por mais que o cinza cubra os olhos
num belo dia de sol,
você ainda procura, louco,
saídas vermelhas de emergência
nas trincheiras que se desintegram
embaçando a cansada visão,
e você tenta pensar, calcular, se esconder...

Mas o tempo é falsificado, caos, câmera lenta,
um milhão de anjos negros passeando vertiginosos
atrás da retina escura que só procura espaços vagos
em qualquer multidão –
um olhar no vazio, então,
pra fugir, fingir que está tudo bem.

Aceito, não há como perdoar.
Mesmo que haja, alma serena me estendendo a mão,
minh’alma corre assustada ao meu porão:
ali dorme o monstro implacável,
tirano, acusador.

CRiga


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