quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025


 

Melodrama

 


Eu queria, podia
Te dar aquelas flores.

Mas nada mais me resta
A não ser a festa do meu silêncio
Sempre te dizendo adeus.

À sua procura
Visitei túmulos de poetas que morreram jovens
As costas nuas nas paredes úmidas das tavernas.

Fui ao diabo com flores e dores de amor
Ele sorriu e abriu o portão pra eu voltar.

Eu te daria flores, eu queria
Poder ser triste pra ser sincero um dia.

Eu ainda espero estatelado sentado à calçada
Com aquela margarida
Naquela rua se essa rua fosse agora
Fosse minha, fosse nossa.

CRiga.




terça-feira, 4 de fevereiro de 2025




 

Tristeza

 


Desfila sorrateira
Às vezes montada no cavalo
Do duro monumento no Ibirapuera.
Ou estampada nos olhos do anjinho
Da cafona fontezinha do bulevar.

É uma respiração profunda
Tentando dar ritmo ao dia
E ao coração cansado.

Câmera lenta, você tenta engolir,
É café amargo amanhecido.
Um drama de atores sem fama,
Uma cama que não quer te largar.

Pousa nos teus ombros as mãos pesadas
Enquanto em frente a um computador
Você se pergunta como se deletar dali.

Marca com as unhas pretas por dentro do peito
Feito prostituta velha, bruxa fedida.
Gata preta no cio te gritando
Lá no fundo da cabeça que pesa bigornas.

Beija sabor sangue, congela o estômago,
Amarga a garganta, chuta os testículos. 

Sopra um vento polar na nuca,
Parece que nunca existiu verão.

CRiga.