segunda-feira, 15 de julho de 2024

A boca


Quando cala, instaura a dúvida.
Se fala, é preciso cuidado, inclusive para ouvir.

Pode declamar poemas ou xingar o motorista.
Dizer que ama, que tome cuidado na estrada.

Quando beija no rosto é carinho.
Quando na outra é paixão!
Engole sapos e outras bocas
Mamilos e mangas da estação.

Faz biquinho na selfie
E não sabe se portar sozinha no metrô.

Quando sorri pode ser gentileza
Leveza, sedução
A dúvida que acredita.

É maldita, é da noite
Cochicha preces na igreja
Grita um nome ao portão
Serve pra ir a Roma
Ou mandar pra puta que pariu.

Sozinha sente a lágrima correr salgada
E engole o choro disfarçando a dor.

Bater com ela é baixaria.
Dela pra fora pode até não ser sério,
Mas às vezes magoa.

Dos buracos da cabeça é o único sem par.
Mas quando pareia incendeia!

Numa ceia dizem que traiu.
Em outros tempos tristes
Entregou inimigos à fogueira.
Hoje engana fiéis e desinformados
Com a fome da Verdade.

Mas também canta!
Paquera.
Morde e assopra. 

Dilacera por ódio
E por amor.

CRiga.




 

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