À meia-luz a morte loira caminha tranquila
Vestido branco na cozinha ainda morna.
Vagalumes bêbados flutuam
Não há saída de emergência.
Madrugada é a brasa que se confunde
Moribunda na solidão do fogão à lenha.
A velha na cama sussurra preces de perdão
Estende a mão ao vazio do quarto escuro.
O vento leva embora lençóis surrados do
varal
A rosa murcha doa pétalas perfumando o
ar.
A madeira no chão range abandonos
Cinzas são o tapete da visita.
Jesus chega manso à porta entreaberta
Sorrindo a paz de um quase dia
qualquer.
Indicador nos lábios sugere silêncio
O som é apenas um click de interruptor.
O sol nasce apagando a dor.
Hoje não tem cheiro de café.
CRiga.