Bravamente,
como sempre,
ultrapassou o
caminhão.
Mais uma vez,
feito hoje,
ela apenas foi
embora.
CRiga.
Bravamente,
como sempre,
ultrapassou o
caminhão.
Mais uma vez,
feito hoje,
ela apenas foi
embora.
CRiga.
CRiga.
(Caderno Azul, 1997)
Palavras me roem o calcanhar,
eu caminho sílabas acertando o passo.
Levo margaridas
colhidas da calçada
e uma foto da
juventude.
Lembro das
capas dos discos de rock
amaldiçoadas
pela doce inexperiência.
Eu cito um
Vinícius
e te deixo
aquele velho volume rabiscado
do meu
primeiro Carlos Drummond.
Trago a aliança
tortinha
guardada na
caixinha
de acalmar as
emoções.
Boto um disco
na vitrola,
tem Chico e tem
Caetano.
Não há tempo nem
coragem
de virar pro
lado B.
O quadrinho
na parede canta.
Longe de casa
há bem mais de
uma semana.
CRiga.
CRiga.
Vida te empurra.
Então me atropela.
Vide na bula.
Então me cura.
Então me culpa.
Me liberta.
São vedados os olhos da lágrima.
A verdade só abre a porta
pra paz poder se instalar
na decoração do novo lar.
CRiga.
Não sou santo
pastor
nem bom cristão.
O marketing ganha dinheiro
inventando cartilha de político
e reza de religião.
CRiga.
CRiga.