Uma folha cai
e o amor de verão despenca
no quadradinho do calendário.
Não suportará a graduação alcoólica
do vinho tinto francês.
Não contrairá a doença moderna
do rato conformado com pouco espaço
no apartamento muito bem mobiliado.
Pedirá licença pra fumar uma boa memória,
mas a história da área comum
é uma placa de advertência.
Filme europeu é gente demais vestida.
Na geladeira há uma cerveja esquecida
desde a comemoração do ano novo.
A vizinha vem todo dia apreciar histórias
de um verão como outro qualquer.
A vizinha vem
até quando a vizinha não está.
A mala esteve sempre pronta
pra voltar a viajar.
Não precisa saber desse tal de charme
da noite do inverno na cidade.
Na praça só há cachorros encoleirados
e gente trotando uniformizada
correndo atrás do tempo
que sempre resiste serra abaixo.
Atrás da página arrancada
do mês que passou no calendário,
escreveu uma despedida:
“meu amor eu tou voltando
pra você.
Guardado quem sabe naquele próximo janeiro
no calendário que ainda nem saiu...”
CRiga.
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