Não adiantam dores amores flores rimas –
quando desapaixona já era, meu amigo!
Nem chocolate nem jantar caro de um mês de salário
naquele restaurante da propaganda que vocês ouviam
quando de manhã iam juntos trabalhar.
A comida fica seca e mais cara,
o vinho dá dor de cabeça.
A sobremesa tem as calorias que precisa evitar,
daqui uns dias tem balada com as amigas.
Desinfeta, desidrata então os temperos
a gente nem vai fazer aquele prato da tevê.
Desafasta, me dá ar, pega suas coisas e não demora.
Quer a hora do relógio?
É agora: a hora de você só ir embora.
No guarda-roupa cheirando a mofado tem
aquele vestidinho lindo vermelhinho também.
O decote ficou fundo demais
ou eu que me afundei de peito aberto em você?
Vestido mofado? Qual o quê!
Boutique e vendedoras que parecem amigas de infância,
um decote novo e um azul da paz que namoro.
Você aparece pra me pegar...
Arrumou o amassadinho do para-choque
botou cheirinho de carro novo.
Criancinha com fome, chega a dar dó!
Ainda bem que me chega todo mês
o carnê do Médicos Sem Fronteira...
Falando em fronteira cruzo a cidade
num táxi que toca Djavan:
“cair nos pés do vencedor
para ser o serviçal do Samurai
mas eu tou tão feliz”...
Dizem
que o amor próprio também atrai.
CRiga.